CONCHA
rasgo um terno sorriso.
saboreio-o puro
enquanto executo em ritmo de dança
uma suave genuflexão aos pés do teu altar.
devoto sem tréguas,
ergo uma prece onde exalo um rasgo inteiro de emoção.
nomeio-a mensageira sem medo
do foral que concedeste à minha alma
para que esta viva
a sua plena reconstrução.
fizeste-me falta
para me separares
dos caminhos tentadores do abismo.
fizeste-me falta
quando me preencheu o vazio da amargura
na ausência da tua mão sobre o meu ombro,
sempre que me divorciava
dos trilhos do pensamento.
mas ousei.
dotei-me das rédeas do atrevimento
para construir a vitória final do amor
sobre as regras do tempo.
se então sonhei
agora acredito que a normalidade ténue
será esmagada pelo culto da emoção!
numa breve oração peço à Lua
que seja companheira
na minha demanda pela praia de abrigo
que construíste no fim do meu mar.
uso as suas ondas para em ti desaguar.
porque és irrepetível,
gostava que nesse pedestal
os teus olhos vissem o que os meus estão a dizer.
por entre os sargaços sedosos,
tendo rochas cálidas como leito,
ofereço-te os favores da lua
e o cheiro da maresia para que durmas.
para que sonhes. enquanto eu vigio.