sexta-feira, janeiro 27, 2006

eco

enquanto permaneço por lá
num arrastar de asas,
eis que me vejo para lá do caminho.
vivo as palavras na morada que as escolheu.

canto-me
em baladas que só cães entoem,
num uníssono crescente com o bafo alado dos espectros.
trazem novas dos confins da cegueira.
encanto-me
em bailados destinados às pombas.
num festim devoram as pedras
que constroem o lar das minhas orações.
perco-me
em palavras, moléculas do sussurro do vento.
sinto-o quente.
exala o bafo procedente dos idos do inferno.

eis o nosso momento.
eis o nosso pedestal.
eis o que somos. humanos.
votos pouco contidos na emoção.
amantes do vazio firme
depois do oráculo cumprido.

eis os herdeiros
do magro papel principal.
parteiro de uma figuração calada.

7 Comments:

Blogger Taia said...

Muito obrigada pela visita e pelo carinho.
Amei o que escreveu.
De verdade!
Seja bem vindo ao meu mundo de magias a a minha festinha virtual!
Servirei o champanhe...
Tim-Tim!!
Beijos!

11:04 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Muito bonito amigo... e para não variar estremamente profundo.... toca-me nesmo nas partes mais profundas da minha alma...
um beijo

12:40 da tarde  
Blogger Nathália. said...

Eu lembrei dela na hora que li "vento..." =D

"Vai a onda
Vem a nuvem
Cai a folha
Quem sopra meu nome?
Raia o dia
Tem sereno
O pai ralha
Meu bem trouxe um perfume?
O meu amigo secreto
Põe meu coração a balançar
Pai, o tempo está virando
Pai, me deixa respirar o vento
Vento

Nem um barco
Nem um peixe
Cai a tarde
Quem sabe meu nome?
Paisagem
Ninguém se mexe
Paira o sol
Meu bem terá ciúme?
Meu namorado erradio
Sai de déu em déu a me buscar
Pai, olha que o tempo vira
Pai, me deixa caminha ao vento
Vento

Se o mar tem o coral
A estrela, o caramujo
Um galeão no lodo
Jogada num quintal
Enxuta, a concha guarda o mar
No seu estojo
Ai, meu amor para sempre
Nunca me conceda descansar
Pai, o tempo vai virar
Meu pai, deixa me carregar o vento
Vento
Vento, vento "

Chico Buarque.

1:09 da tarde  
Blogger Corvo said...

A cadencia de tuas palavras, resvalando, encontrando-se no próprio eco, arrancando quentes melodias no realismo do frio passar dos dias...

3:19 da tarde  
Blogger Madeira Inside said...

Olá!!
Antes mais, obrigada por teres "caído" na minha teia!! :)
Gostei muito do teu blog, escreves com alma e isso,para além de ser arro, é muito bom!!
Voltarei com certeza!!

"enquanto permaneço por lá
num arrastar de asas,
eis que me vejo para lá do caminho.
vivo as palavras na morada que as escolheu."

Adorei este "eco"!!
Beijinhos e até...

6:14 da tarde  
Blogger Elisa said...

Acho que todos somos figurantes....de uma historia maior que a nossa simplesmente.

beijo
adorei sua visita

10:14 da tarde  
Blogger iNuno said...

E que pesada herança, carregam esses herdeiros... eu por vezes não tenho forças e faço como hoje que neva lá fora; fico em casa protegido pelos cobertores.

8:44 da tarde  

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