TEMPESTADE
quando dos teus lábios me sopras um adeus, mergulho célere na protecção da surdez.
neste filme, a despedida é sempre o prenúncio da nossa próxima dança.
nem que seja em mim. nem que seja na lembrança de cada gesto vampírico executado pela tua lágrima a desenhar o meu rosto, carrega toda a simbologia da tua posse em minha oferta, ninho da partilha, comunhão do aconchego.
sigo então os passos que dou, na antecipação do grito sonoro com que cortarão o vazio. ecoam numa manifestação contrária à morte. a verdadeira. a que acontece no volteio do respiro falso, exalado por quem se julga vivo e não passa de um singelo corpo carregado de mácula.
e no vidro da tua vida escorre a minha, contada na música das gotas de chuva.
...
(a inspiração de um poeta obriga sempre outro a exalar poesia nem que, primariamente, sob a forma de comentários.
Forte abraço Artur por me colocar sempre NOLIMIAR)
FOTO: Duarte Pinheiro