quarta-feira, dezembro 27, 2006

LÍNGUA



vês meu palato?
Observa como dele escorre a minha saliva,
adocicada pelo belo pecado da ânsia.

quero-te verde.
nem ouses negociação,
nem me fales da paleta de cores.
Sem mais,
assim me sacias

na seiva da esperança.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

GOLPE



crava-lhe!

bem fundo,
profundamente incisiva,
num lento movimento de precisão,
essa adaga de prata, tua,
no vampírico peito acolhedor.

lancinante ninho
onde a dor se acolhe.

crava-lhe!
e sussurra-lhe no caminho
que morre abandonado ao tempo,

longe do ventre da tua convicção.

se me ofereces apenas a saudade, vejo-te

em cores consumidas pelo preto.
se o vento me diz que te foste, deixo-me
consumir pelo seu sopro.

então, cumpro o meu destino,
herdeiro gélido do vazio.



(SABES MÃE,
CUMPRO-TE NO SORRISO QUE DE TI HERDEI!...)