terça-feira, julho 24, 2007

ORATÓRIA DAS CORDAS VOCAIS

I.

nem sete palmos de terra abafam as cordas vocais do meu violino!

na ladaínha cerimonial deste enterro serão executadas todas as ânsias profanas de um desejo sem remissão.

os pecados não precisam de perdão pois são sempre paridos convictamente na devoção ao querer!

II.

Quando o dia me prendeu o seu chamamento, de imediato o palato da minha vontade meteu pés à estrada e partiu a caminho do nunca.

do nunca lá chegar, porque assumidamente lento num caminho onde sorve um perfeito gozo. do nunca terminar, porque aninhado num prazer sem fronteiras erguidas pelo limite do tempo. do nunca cansar, sólido na volúpia que sopro algum faça esvair!

vivo-me estrada, ufana liberdade.

sem despedidas eternas nem juras de igual porte, a genuflexão quando simbólica, revela todo o carinho do agradecimento, com olhos ao alto, enquanto o nosso joelho conversa com o chão.

IV.

ecoa o grito da minha sonora mudez.

nunca quando quebro, sempre quando devoro qualquer silêncio confrangedor.

sem desistências porque a dor é panaceia para a anestésica forma de não sentir!

sem tréguas porque a refrega não é passível de abandono.

a luta é pelo ceptro da sedução!



photo by Alexandre Costa