quarta-feira, junho 20, 2007

CALÇADA DAS LETRAS


sacodem o vazio, por entre as migalhas de poeira, cada um dos passos firmes num passeio deliciosamente solitário, sem destino erguido no ventre dos esgares da solidão.

para lá da estrutura auditiva, o ninho de palavras sorve todos os ruídos que volteiam no farto mundo das cores, na plena dimensão dos animais, plantas, construções e pedaços de natureza que contam as histórias do percurso.

assim pulsa no fervor da escrita.

cada página um campo de batalha, cada palavra uma adaga desse convicto vampiro do mundo de todos, de todos quantos agora foram sorvidos pelo seu mundo!

quando por lá assumo os meus passos, sem medos mitigadores, a minha pedra filosofal não oferece o seu tempo ao fogo-fátuo que comanda o destino do ouro.

sou, ufano, num toque de alquimista que impele o rolar firma das pedras sobre as malhas da indiferença.

quando desaguam em estilhaços, preparam a química para do pó irromperem moléculas de emoção!


que gáudio contemplativo, viver-me no esplendor da fascinação.





photo by alexandre costa