sexta-feira, abril 27, 2007

PRINCÍPIOS DA MINHA NATUREZA (tomo I)



I

todos os meus gritos ao mundo são depositados num único pio de mocho.
e é o seu olhar penetrante que carrega a plena certeza de que esta minha noite - só esta - transporta a sina da eternidade.

II

dizem-me que a felicidade sussurrou por ai que me esperava mesmo debaixo de um lençol de chuva. num daqueles dias em que cada gota transporta um favo de mel. será seiva de vida para decorar a gula feliz dos meus lábios, em cada segundo da aventura erguida no calcorrear dos teus.

III

e que eu esteja envolto no turbilhão nascido da conversa das pétalas, enquanto abandonam o caule, sedentas da viagem alada, quando planam ao encontro de uma dança com a terra, onde a sua morte será o sacrifício para o nascimento do meu húmus.

estarei de volta, num erguer firme, sólido no odor da minha nova flor.

quinta-feira, abril 12, 2007

DEVANEIO



enquanto o vento corre sôfrego, exalando uivos de cansaço em cada rajada, transporto as minhas sinapses para um único pensamento.
renego cada e todas as noites de luar que perdi sem que sequer a sombra de teu olhar repousasse perto de mim, tecendo a fina seda do nosso ninho.
é alegre a minha cedência, nascida então, ao desejo dos dias de ânsia, parteiros da vontade que sonhei para ordenar a paragem do meu tempo, erguendo cada palavra do meu verbo amar.

quando me dás uma mão de pétalas, constróis o aroma de um novo mundo, retirando a hipótese do fim ao caminho do meu sossego.