sempre que aqui não estás irrompem saudades do futuro. atrevo-me a ostentar a falta que sinto de mim.
busco-me no único espaço onde sei que estarei, esse teus braços perfeitos de aconchego. aí me quedo,nunca mudo, jamais deserdado de palavras, porque herdeiro do sossego nascido nos meus mais ternos murmúrios.
falo-te lauguidamente por eles. para que me deixes ficar permanentemente inquilino de Ti.
em cada movimento muscular do meu respiro preenche-me a tua fragrância. nos movimentos incontroláveis das minhas pálpebras sonho mirar meus olhos dentro das retinas dos teus. quem escutar os sussurros dos meus lábios ouve os sons do meu desejo buscando a tua boca. se estou prisioneiro nos braços do meu sono porque sorrio? como ouso mover tão harmoniosamente os músculos que comandam a vontade dos meus lábios, se não sou dono desperto da minha vontade?
porque teu tacto delineia as fronteiras da minha imaginação num embalo que me aconchega vindo de ti. provoca-me um estado de alma nascido sob a doce ditadura do sonho.
o piscar da tua pestana esquerda marcou a partida da lágrima. o brilho doce nos teus olhos diz-me que chegarei a tempo de lhe extirpar a salinidade, no preciso momento em que os meus lábios tocarem os teus.